Fundação Casa Grande foi espaço de vivência e de pesquisa para os jovens do Japaratuba em Rede
- japaratubaemrede
- 10 de set. de 2015
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A Fundação Casa Grande é grande no colorido, na acolhida, na inspiração e no sonho. Como ela foi construída? Como ganhou vida? Como funciona? Quem faz parte de cada projeto que acontece por lá? São alguns questionamentos que todo mundo que a visita deve fazer e que os jovens do projeto Japaratuba em Rede também ficaram curiosos para saber. Para eles, a Casa Grande foi um espaço de vivência, mas também um ambiente de pesquisa e motivação. Divididos em equipes, os jovens foram além do que era possível enxergar na rotina daqueles dias na casa. Eles foram atrás de descobrir e entender detalhes sobre como tudo funciona, sobre o que é feito para as iniciativas desenvolvidas pela fundação darem tão certo. O Turismo de Base Comunitária, a Mostra Cine Cariri, o Complexo de Rádio e TV, a Biblioteca-Gibiteca-DVDteca-Editora, a Arqueologia e o Museu do Couro, criado com a parceria da Casa Grande, foram os principais caminhos para essa descoberta. E eles percorreram observando com o olhar mais direcionado, conversando com quem podia falar mais sobre o assunto e registrando tudo em fotos e vídeos.

Um dos grupos, responsável pelo complexo formado por biblioteca, gibiteca, dvdteca, discoteca e editora conheceu todos esses espaços e observou seus acervos e sua utilização. A gibiteca é formada por mais de 2.600 títulos classificados por autores, roteiristas e desenhistas. Já a dvdteca dispõe de mais de 1.500 títulos de filmes, documentários, musicais e desenhos. A biblioteca possui mais de 2.000 livros de literatura infanto-juvenil. E a discoteca comporta mais de 1.500 CD’s e Vinis. Podemos dizer que os jovens conheceram um universo que mexe com a imaginação de qualquer um e que, acima de tudo, conduz à criação. É por isso que lá existe ainda a Casa Grande Editora, um laboratório de capacitação de crianças e jovens nas áreas de arte sequencial, desenho gráfico, jornal e produção de material promocional. “É sensacional todo esse acervo que estamos vendo aqui. O melhor de tudo é que cada CD, DVD e Gibi é bem utilizado pela fundação em prol da comunidade. Um espaço como esse pode ser criado em qualquer lugar, basta ter força de vontade. Um exemplo a ser seguido, por isso buscamos saber tudo sobre cada um dos espaços”, conta Carla Dantas.

Promover ideias de preservação do patrimônio regional, de sustentabilidade e tantas outras que movem a Casa Grande é outro desafio, superado com a ajuda de um complexo de rádio e TV instalado na Casa Grande e que os jovens Maico, Claudenira e Alef conheceram de perto. Os meninos viajaram na história da TV Casa Grande, que após ter sido lacrada pela ANATEL hoje funciona como um estúdio de produção de vídeos, curtas e documentários que são exibidos pelas TVs comerciais e em espaços culturais alternativos. A TV produz semanalmente a série documental ‘100 Canal’ que vai ao ar antes das sessões de cinema e espetáculos no Teatro Violeta Arraes. Já a 104.9 Casa Grande FM é uma rádio comunitária que leva ao ar diariamente uma programação musical diversificada, indo do forró ao jazz. A intenção é formar plateias, uma ideia que chamou a atenção dos jovens.
Por falar em formar plateias, a Mostra Cine Cariri é mais um instrumento utilizado com esse fim. E o que acontecia por traz dos bastidores também foi observado com atenção pelos jovens Wagner, Natanael e Márcio. O cumprimento da programação, o cerimonial e a condução do evento, as questões que envolvem a técnica ligada à exibição dos vídeos e a recepção do público foram os principais focos de observação. Já o grupo do Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas, composto por Danilo Genilton, Nilson, Isaluce e Vanessa, investigou o ambiente como um espaço para formação de plateia e gestores culturais nas áreas de direção de espetáculos, sonoplastia, iluminação, cenário e roadie e como ele funciona nos momentos em que acontecem eventos, a exemplo da Mostra Cine Cariri. Com uma programação aberta ao público, o espaço exibe semanalmente espetáculos nas áreas de música, dança, cineclube e teatro. Entre os componentes do grupo responsável pelo Teatro Violeta Arraes, Danilo dos Santos, destacou como o teatro é uma peça fundamental na cidade para a disseminação da cultura. “É de ficar admirado com esse teatro e com tudo que é trazido pra cá. Realmente faz a gente pensar no quanto é importante ter um espaço que fale de cultura com um olhar mais voltado para o que o nosso lugar produz”, diz Danilo.

O Turismo de Base Comunitária é mais uma ação de sustentabilidade que os integrantes da fundação levam a sério. Como funciona? Essa iniciativa beneficia diretamente as famílias com geração e distribuição de renda e agrega outros valores como a solidariedade e a troca de saberes. Foram criadas pousadas domiciliares, localizadas nos quintais das casas dos pais das crianças da Casa Grande, que oferecem hospedagem a preços acessíveis para quem precisa do serviço. A sustentabilidade é mais um dos conhecimentos abordados pelo projeto Japaratuba em Rede e que agora tem o sistema desenvolvido pela Fundação Casa Grande como um modelo que dá certo.

A arqueologia nos leva às culturas e aos modos de vida do passado a partir da análise de vestígios materiais encontrados. Tudo isso é muito valorizado na Região do Cariri e pela Fundação Casa Grande também que abriga o Memorial do Homem Cariri. Mas o memorial não é o único instrumento de preservação, ações de educação patrimonial para a identificação dos bens culturais de natureza material e imaterial, os sítios arqueológicos e mitológicos do Cariri são outras ações desenvolvidas. E esse universo foi pesquisado pelos jovens japaratubenses José Antônio, Carliene e Érica que também investigaram a história e o funcionamento do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, durante visita feita ao local.

Também tiveram aqueles que se dedicaram a entender um pouco mais a importância do couro no contexto histórico, cultural e social da região do Cariri. Com foco no trabalho desenvolvido pelo artesão Espedito Seleiro e no acervo do Museu do Couro, os jovens Claudilene, Felipe, Iris e Delton observaram a história e a produção do artesão Espedito, cuja história também é contada através dos instrumentos, peças e fotos expostos no Museu do Couro.

Por parte da Fundação Casa Grande foi uma satisfação contribuir com o aprendizado dos jovens sergipanos e servir como exemplo de superação e transformação. “Nós temos que sempre incentivar a propagação do conhecimento entre os povos. Recebê-los aqui e passar esse conhecimento foi muito gratificante. O trabalho realizado pela Fundação, seja através do Teatro, do Memorial ou de qualquer outra iniciativa está aberto aos novos olhares e contribuições. Da mesma forma estamos dispostos a colaborar com iniciativas importantes como o projeto Japaratuba em Rede”.

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